WNL
We Need New Limits
Pueblo Garzón, Maldonado, Uruguai
2022
We Need New Limits é uma intervenção e um exercício de diálogo entre distintas formas de entender e viver o espaço. We Need New Limits é um chamado à convivência que questiona os limites estabelecidos entre binômios tradicionais – abstração e realidade, cidade e campo, memória e futuro – que parecem desvanecer em um mundo em crise.
















We Need New Limits é uma intervenção e um exercício de diálogo entre distintas formas de entender e viver o espaço. We Need New Limits é um chamado à convivência que questiona os limites estabelecidos entre binômios tradicionais – abstração e realidade, cidade e campo, memória e futuro – que parecem desvanecer em um mundo em crise.
1. Aprender da fábrica à paisagem, da paisagem à fábrica, e assim sucessivamente.
We Need New Limits é um exercício de diálogo entre distintas formas de entender e viver o espaço que nos rodeia.
Essa intervenção forma parte de um processo vivo de aprendizados que sempre nos interpelaram e nos interpelam até hoje em dia. Em MAPA começamos a nos vincular com paisagens remotas de uma maneira, que poderiamos considerar, “contingencial”. Há mais de 10 anos, quando sonhávamos com uma família de dispositivos para exploradores – que logo tomaria o nome de MINIMOD – repensamos nossa arquitetura através de uma revisão da própria indústria da construção. Assim, a incursão nas lógicas do prefab (1) e do plug and play (2) abriu um horizonte de experimentação inédito para nós, liberando nossa atuação das restrições geográficas habituais e nos desafiando como arquitetos, e finalmente como seres humanos.
Nesse sentido, e em retrospectiva, podemos afirmar que mesmo que tenhamos começado a trabalhar a partir da máquina para pensar o campo, acabamos, felizmente, repensando a máquina (e a arquitetura) a partir dos aprendizados no campo, que hoje nos é mais familiar.
2. Do Masterplan ao Matterplan.
Tanto as histórias que contamos, quanto as ferramentas que utilizamos, moldam nossa capacidade de construir mundos. Dessa maneira, como arquitetos de origem urbana, como um artesão que vai aos poucos mudando suas ferramentas para fabricar novas realidades, transformamos nossas habilidades e nossa linguagem frente a outras paisagens; revisando o que aprendemos e repetimos em nossas escolas e universidades, para prestar atenção a novos atores, histórias e sensibilidades.
Deixar para trás a carga urbana nos faz repensar, particularmente, a noção de masterplan, uma ferramenta primordial na hora de trabalhar em grandes territórios.
A própria origem da palavra é hoje questionável. O termo master (3)está vinculado com a dominação, o hierárquico, com uma figura única que controla e define o destino das terras, organizações e pessoas.
Mesmo assim, o masterplan é uma herança histórica do pensamento moderno do século passado e são muitas as críticas que vem acumulando em suas várias dimensões, já que “a complexidade da cidade [e um território] não cabe em um masterplan”. Propomos, então, dar lugar à nova ideia de matterplan (4).
Matter significa trabalhar com a matéria (5), com o substancial, e desse modo, operar com os problemas e com as situações de um mundo de fragilidade crescente. Assim, matter parece se adaptar melhor à riqueza do ecossistêmico, o complexo e o imprevisível, e nos posiciona como arquitetos do lado da abertura, da fragilidade, e da busca por alianças.
Como ferramenta de desenho, o matterplan provoca uma interessante fricção entre matter e plan, habilita múltiplas interpretações, múltiplos conteúdos e processos que devem ser construídos de maneira compartilhada.
We Need New Limits dá continuidade ao projeto We Need New Concepts, apresentado na Campo Artfest 2021, através do qual revisamos nossa linguagem com a criação de um novo dicionário coletivo.
A instalação utiliza elementos habitualmente empregados na demarcação de terrenos, porém dispostos de tal maneira que permanecem instáveis e estranhos, como artefatos mediadores entre o imaginado e o presente.
Em uma maior escala, We Need New Limits promove a tensão entre uma quadrícula abstrata, analítica e apriorística, e a realidade física do Field Studio em Garzón, rica em materialidades, detalhes e histórias. Assim, se configura como um chamado à convivência que questiona os limites estabelecidos entre binômios e categorias tradicionais – abstração e realidade, campo e cidade, caos e ordem, memória e futuro – que parecem desvanecer para dar lugar a algo novo.
1. O prefab condensa para nós uma “predisposição” a fazer arquitetura partindo das lógicas do industrial.
2. É uma característica dos dispositivos desenhados para funcionar perfeitamente desde que são transportados e instalados.
3. Como definição histórica, no dicionário podemos ler, por exemplo, “um homem que tem pessoas trabalhando para ele, em especial servos ou escravos”, “uma pessoa que tem dominação ou controle sobre algo”.
4. Frase de Gehl Architects, extraída de artigo homônimo em El País, España, 4 de abril de 2013.
5. Talvez poderíamos relacionar o termo com o que André Hadricourt define como o acionar do agricultor ocidental em um “tratamento direto e de massivo”. “Massivo no sentido de massa, de tratamento de massa”. E que define o próprio espírito.
MAPA
Socios: Luciano Andrades, Matías Carballal, Andrés Gobba, Mauricio López, Silvio Machado.
Equipo de proyecto: Diego Morera, Pablo Courreges, Sebastián Lambert, Martina Pedreira, Emilia Dehl, Emiliano Lago, Victoria Muniz, Flavio Faggion, Agustina Vigevani, Emma Prevett, Lucía Martinotti, Florencia Mastropierro, Constanza Manzochi, Daniela Moro, Juliana Colombo, Fernanda Dihl, Lucas Marques, Ananda Rossi, Amanda Cappelati, Erika Sato, Julia Zorrer, Ma. Eduarda Cavassola, Mateus Grandini, Mauricio Müller, Pedro Brandelli, Pedro Reichelt, Camila Tekiel.